domingo, 17 de setembro de 2017

Droga de Americana!

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Resenha
Livro:  Droga de Americana
Autor: Pedro Bandeira
Ano de lançamento: 2001

Droga de Americana é o quinto livro da séria os Karas, escrito por Pedro Bandeira. Nesse livro, ocorre o sequestro da filha do presidente dos Estados Unidos, quando ele vem ao Brasil fazer um discurso juntamente com o presidente do Brasil. Sua filha estava participando de uma apresentação de ginástica olímpica com sua amiga brasileira, Magrí, quando é sequestrada.

Isso é o que todos pensam que aconteceu. Na realidade, Magrí e Peggy, a filha do presidente, são muito parecidas fisicamente. No lugar de Peggy, os bandidos sequestram Magrí e é óbvio a resolução desse problema é trabalho para os Karas.
Gosto sempre do clima leve dos livros de Bandeira dessa série, mas que sempre abordam assuntos relacionados às questões sociais e políticas. Essa quinta obra não foi diferente, apesar de a meu ver ser o mais fraco de todos os cinco livros da série. Isso pode se dever ao fato do livro ter sido lançado somente muitos anos após o quarto livro, tendo um espaço tão grande entre as continuações, fazendo perder um pouco o ritmo. Apesar disso, as cenas são bem marcantes e algumas muito hilárias, como quando por exemplo o detetive Andrade tenta entender o que os agentes da CIA estão falando, pois ele não fala uma palavra de inglês. Temos ainda nesse livro um diferencial: o detetive Andrade(Android haha), não sabe do envolvimento dos alunos do colégio Elite nesse caso.

A questão social desse livro é o desarmamento da sociedade americana, trazido à baila de maneira sutil com o grupo Heróis em Defesa da América para os Americanos. Esse grupo defende a todo custo o que eles consideram o American way of life, ou estilo de vida dos Americanos. A sociedade norte americana é pautada na tecnicamente liberal liberdade de expressão e defesa à qualquer custo, sendo em muitos Estados permitido ao cidadão andar armado. Nesse livro é feito o questionamento, muito bom por sinal, de quem ganha realmente com essa política armamentista da sociedade americana, ou seja os grandes empresários e políticos. Enquanto isso, a população segue sofrendo com a violência civil e vários países pobres continuam a orbitar em torno dos Estados Unidos, numa dependência tanto financeira quanto política.

Se eu recomendo a leitura? Muito. Apesar de ser o livro que considero mais fraco da série, ainda é um livro excelente, por conta dos questionamentos que levanta e por ressaltar , como sempre, o valor da amizade do grupo do Karas, que se encontra acima de quaisquer outras questões.


O mundo todo é trabalho para os Karas!


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A droga do Amor

Resenha
Livro: A Droga do Amor
Autor : Pedro Bandeira
Lançamento: 1994

Esse é o quarto livro da série Os Karas. Nessa obra, um cientista que estava trabalhando na cura da Droga do Amor (AIDS) é sequestrado quando chega ao Brasil. Somente ele tem os exemplares da Droga e conhece a fórmula para fazer novas. Essa é mais uma aventura para a turma dos Karas, se não fosse por um detalhe: o grupo foi desfeito.

Magrí estava numa competição de ginástica olímpica nos Estados Unidos e recebe um recado de Chumbinho alertado para o fato da dissolução do grupo e informando que o doutor Q.I. fugiu da cadeia. Rapidamente, ela retorna ao Brasil. Ela não sabe que o grupo foi desfeito por que Calú, Miguel e Crânio são perdidamente apaixonados por ela e decidiram dar um fim à tudo antes que a “droga do amor” acabasse com a amizade deles. Em meio a todas as aventuras vividas, Magrí nos revela seu verdadeiro amor.

O amor de Magrí não é o foco principal da trama, que fala muito mais sobre o poder da amizade do que do amor em si. O livro trata de forma muito leve sobre o monopólio das grandes indústrias farmacêuticas sobre os medicamentos. Quantas pessoas morrem todos os anos por falta de distribuição igualitária de medicamentos? Quantas vidas seriam salvas se não fosse a ganância e exploração das grandes indústrias de medicamentos?

"Será que não somos todos culpados, quando colocamos a ânsia pelo lucro à frente das necessidades das pessoas?"

O título do livro serve para explicar sobre a Droga do Amor no sentindo mais literal, que no caso seria o medicamento que combate a Aids. Uma das maneiras de se contrair HIV é pelo sexo, se configurando como uma droga que se contraí através do “amor”. Como professora de Biologia, posso garantir que muitas pessoas ainda possuem dúvidas sobre a Aids, maneiras de transmissão, tratamento e prevenção, imagina naquela época, em 1994, pois apenas na década de 1980 o tema começou a ganhar notoriedade no mundo. Também pode ser ampliado o sentido para a Droga do amor que poderia acabar separando o grupo dos Karas, por conta do amor que sentiam por Magrí.

Não tenho filhos ainda, mas quando tiver, com certeza darei a coleção de Pedro Bandeira sobre os Karas para eles, por acredito que a abordagem que o autor faz de temas polêmicos é adequadíssima para a faixa etária para a qual o livro se destina. É uma coleção que te deixa com vontade de ler mais e mais. A personalidade dos personagens é muito bem construída, ao passo de sabermos quem está falando determinada fala sem ao menos olhar. Acompanhamos também o crescimento do grupo dos Karas, que nessa obra já estão no Ensino Médio, menos o Chumbinho, por isso podemos perceber o amadurecimento no trato com certas questões.



segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Anjo da morte


Resenha
Livro: Anjo da Morte
Autor: Pedro Bandeira
Ano: 1988

“Ele vivia dizendo que o conhecimento do mal era a única maneira de impedir que o mal se repetisse.”

Começo minha resenha com esse trecho do livro, e vocês entenderão o motivo com sua leitura. Em mais uma de suas aventuras, os Karas enfrentam dessa vez uma organização criminosa internacional, mais perigosa que todas as outras que eles já enfrentaram antes: os nazistas.

Solomon Friedman é (era) um ator judeu que vivia no Brasil desde o final da Segunda Guerra Mundial e amigo/mestre de Calú.. No dia da estreia de uma grande peça sua, enquanto Calú e Magri estão na plateia, Solomon é assassinado no seu camarim, segundos antes de entrar no palco. O grupo dos Karas começa a investigar, junto com seu inseparável amigo detetive Andrade, o possível assassino de Friedman: o Anjo Da Morte, um médico nazista que empalava cabeças de crianças na Segunda Guerra.
Em meio a toda essa aventura, temos a discussão do nazismo ressurgindo. Apesar do livro ter sido lançado em 1988, esse tema continua bastante atual, visto que temos acompanhado uma escalada fascista num mundo, como na a Alemanha pós-primeira guerra, assolado por uma crise econômica e consequentemente política.

Além de toda a discussão já mencionada, pode-se perceber uma crítica social ao abandono de crianças pelo Estado, além da violência sofrida por elas, como podemos ver através desse trecho:

     “Afinal, qual seria o destino delas, se aquele mundo fanático de crimes não lhe          tivesse aparecido? Não seria também um outro mundo de crimes? Não seria também   acabar morto pela bala da polícia ou enterrado nas prisões?”

Também podemos observar a temática do racismo, atrelada a todas as outras já faladas anteriormente. O livro possui como público alvo adolescentes e pré adolescentes, por isso a abordagem da história se dá de maneira leve, apesar de tratar de temas tão sérios e relevantes. Como esse é o terceiro livro da série dos Karas, pude perceber um amadurecimento do autor ao lidar com temas polêmicos. No primeiro livro tudo foi feito muito implicitamente, já no segundo e terceiro podemos observar as questões sendo melhor trabalhadas e um pouco mais aprofundadas – já faziam três anos do fim da Ditadura civil-militar no Brasil.


Recomendo fortemente a leitura, principalmente para jovens leitores, sejam eles de 10 anos ou 70!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Pântano de Sangue- a saga continua

Resenha
Livro: Pântano de Sangue
Autor: Pedro Bandeira

Nesse segundo livro da coleção da turma dos Karas, os amigos continuam vivendo aventuras de gente grande. Um professor do colégio Elite é assassinado na frente do colégio de maneira brutal. A polícia acredita na hipótese de assassinato, porém, Crânio, o gênio da turma, acha que há algo por trás desse crime. O professor Elias, que foi assassinado, tirava fotos para complementar sua renda. O Crânio acredita que as fotos que foram tiradas pelo professor em sua última viagem ao Pantanal continham algo revelador demais, que acabou causando a morte do professor.
Apesar de na maior parte das vezes, as deduções de Crânio estarem corretas, a turma não acredita na lógica do assassinato que ele criou. Portanto, Crânio parte sozinho para uma aventura no Pantanal. Alguns dias após a saída de Crânio, a turma dos Karas recebe más notícias do detetive Andrade: um piloto fora encontrado morto no Pantanal e sussurrava o nome de Crânio. A partir desse acontecimento, a turma e o detetive Andrade partem para o Pantanal em busca do amigo perdido.
O autor acerta mais uma vez em tocar em assuntos polêmicos e reflexivos de maneira leve, apesar de que, nessa obra, os temas são falados mais abertamente. O livro fala sobre o tráfico de drogas internacional, comércio ilegal de peles de jacaré e em como a cultura indígena, já naquela época em que o livro foi escrito, na década de 80, era massacrada pelos homens brancos.
Tudo isso somado a um grande cenário de paraíso. No primeiro livro, a história se passa em São Paulo. Nesse segundo livro, a história se passa nas planícies do Pantanal, local inóspito para a maior parte da população brasileira, mas que possui uma riqueza e diversidade enormes, que são exploradas dia após dia pelos governos, pelos grandes fazendeiros e latifundiários.

Um livro leve, mas que nos leva a refletir sobre questões sérias, como as mencionadas acima. Vale a pena ser lido por todas as idades.

domingo, 3 de setembro de 2017

O avesso dos coroas, o contrário dos caretas

Resenha
Livro: A droga da Obediência
Autor: Pedro Bandeira


Li alguns livros da coleção dos Karas quando era criança. Fiz a leitura através da biblioteca da escola. Sempre me identifiquei com o ato de ler. Esse foi um dos livros que me cativou na infância e fez firmar em mim o gosto pela leitura. Decidi reler a coleção dos Karas, agora com 23 anos. Com um toque de nostalgia e medo, por perceber que a leitura não era nada daquilo que minhas doces lembranças da infância me proporcionavam.
Ledo engano. O livro foi extremamente revolucionário em sua época e continua o sendo atualmente. Não me decepcionei em nada. O livro é exatamente do jeito que me recordo, com o adendo de que hoje, adulta, amadurecida, consegui perceber questões que não notei na minha primeira leitura.
Os Karas, o avesso dos coroas, o contrário dos caretas. Eles são um grupo de cinco estudantes que estudam em umas das melhores escolas de São Paulo e se reúnem para resolver mistérios. Nessa obra, os amigos ( Miguel, Calú, Crânio, Magrí e Chumbinho) enfrentam o maligno Doutor Q.I., que criou uma droga que faz com que todos obedeçam cegamente suas ordens. Essa droga estava sendo testada em jovens das escolas mais caras de São Paulo. A partir disso, vivem grandes aventuras com o objetivo de solucionar esse caso.
Temos que lembrar a época em que esse livro foi lançado: 1984. Penúltimo ano da ditadura. Bandeira nos faz refletir sobre a ordem imposta, sobre ditadura, através de um livro infanto-juvenil. Os jovens se tornam obedientes, e essa obediência é conseguida através de mecanismos de coerção empregados neles. A metáfora é muito bem feita e nos leva a pensar.
Bandeira promove reflexões sobre a obediência, controle sobre nossos corpos, nossas dores e sofrimentos. Podemos perceber uma clara crítica às ditaduras, aos regimes autoritários que não nos permitem questionar. Trago um trecho em que o temido Doutor Q. I. fala sobre o objetivo da criação da droga:

                   “Nós queremos uma sociedade perfeita como a das formigas, onde cada um conheça seu                       lugar e nele permaneça, produzindo aquilo que deve produzir, cumprindo aquilo que                              deve cumprir.”

Uma leitura clássica, que deve ser lida e apreciada em todas as idades. As crianças irão curtir as aventuras e os adultos conseguirão refletir mais profundamente acerca da história. Termino minha resenha com esse trecho de fala do líder dos Karas:

                 “Eu só entendo que minha capacidade de criticar tudo o que eu ouço e vejo e  a minha                          capacidade de contestar tudo que descubro de errado é o que fazem de mim um ser                              humano. É a minha capacidade de desobedecer que faz de mim um homem.”


Meu desejo é que possamos sempre desobedecer, desafiar a ordem vigente, criticar. Que tenhamos sempre a liberdade de questionar!

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Dias perfeitos

Resenha
Livro: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes

Téo é um estudante de medicina, que não gosta de se relacionar com ninguém. Possui uma única amiga, Gertrudes, um cadáver da aula de anatomia da faculdade. Vive com sua mãe e o cachorro de sua mãe, Sansão. Téo não é apegado a nenhuma pessoa na sua vida, incluindo sua mãe, a quem se refere constantemente como peso morto, pelo fato de ser cadeirante. Até conhecer Clarice num churrasco em que foi obrigado a ir por sua mãe. Clarice é uma estudante de história da arte e roteirista de cinema amadora. A partir desse momento, Téo vive um sentimento obsessivo por ela. Faz de tudo para terem um relacionamento que não existe, inclusive sequestrando-a e a mantendo em cárcere privado.
Téo é um psicopata. Podemos perceber já no começo quando o autor coloca em evidência que a única amiga dele é um cadáver, nos apresentando o tipo de pessoa com quem ele gosta de se relacionar - uma que não contrarie suas regras -. É um homem, além de desequilibrado mentalmente, extremamente machista, antiquado e conservador. Já Clarice é o oposto dele. É uma mulher bissexual, a favor dos direitos LGBTS, de esquerda, feminista. Um espírito livre que o Téo fez questão de aprisionar, com o objetivo de moldar a personalidade a seu bel prazer.
O autor consegue construir uma narrativa extremamente contundente. Em determinados momentos, admito, preferi pular pelo peso dramático da narrativa. A história é pesada e a construção da personalidade do personagem principal é extremamente eficiente, já que imaginamos mesmo ele como um psicopata, frio e calculista, capaz de fazer qualquer coisa para obter o seu desejo.
Como mulher, me coloquei no lugar da Clarice o tempo inteiro e a sensação foi de coração apertado e frio na barriga (de medo). Nesse quesito o livro cumpre seu objetivo de nos transpor de maneira profunda para a narrativa.
Confesso que fiquei um pouco chateada com o final, pois esperava um completamente diferente. Mas isso não tira o mérito da obra e acredito que o final foi positivo no sentido de nos aproximar com a realidade.
Raphael Montes é um escritor extremamente novo, tem apenas 24 anos. Esse é seu segundo livro que ele classifica como romance policial. No meu ponto de vista, a investigação policial que ocorre é quase inexistente. Para mim esse livro é sobre obsessão, sobre controle do corpo e da mente de mulheres, sobre um psicopata executando seus atos. Vale a pena a leitura!



2001- Uma odisseia no espaço

                                                               Resenha   Livro: 2001- Uma odisseia no espaço   Autor: Arthur ...