quinta-feira, 22 de junho de 2017

30 e poucos anos e uma máquina do tempo


Livro: 30 e poucos anos e uma máquina do tempo
Autora: Mo Daviau
Ano de publicação: 2017
O livro conta a história de Karl Bender, um ex guitarrista que possuía uma banda chamada Axis quando era mais jovem e no momento presente do livro é dono de um bar, o Ditactor´s Club. Karl é uma pessoa solitária, de poucos amigos, dedicando sua vida à gerenciar seu bar. Até que conhece Wayne DeMint, um cientista da computação que se torna seu melhor amigo.
Os dois descobrem que Karl possui um buraco de minhoca dentro do seu armário, que passa a ser controlado por um sistema instalado no computador do Karl  e começam a ganhar dinheiro com essa anomalia espaço-temporal, de uma maneira inusitada: passam a enviar pessoas para assistir shows no passado.
Tudo vai bem, até que Wayne decide voltar até o ano de 1980 para tentar impedir o assassinato de John Lennon, contrariando a regra de não interferir no passado. Só que ocorre um erro: na hora de digitar o ano de 1980 no computador, Karl acidentalmente envia seu amigo para o ano de 980. Para consertar isso, Karl busca ajuda de uma astrofísica, que é a personagem , na minha visão, mais interessante da história: Lena Geduldig.
A partir desse encontro, passado, presente e futuro se mesclam nessa história, que me fez lembrar muito o filme De volta para o Futuro, tendo até mesmo cenas do livro que fazem referência direta ao filme. Em meio à todas essas viagens no tempo, regadas com uma ótima trilha sonora musical, que perpassa pela maior parte das décadas do século XX, surgem discussões maravilhosas sobre o sentido da vida, nossa insatisfação com o presente, nossa ânsia, enquanto ser humano em descobrir o futuro e mudar o passado.
Em meio à tudo isso, a personagem da Lena traz discussões muito importantes e pertinentes sobre ciência, machismo, estupro, abuso físico e emocional e discriminação da mulher na ciência, conforme podemos observar no trecho abaixo:
“Eles acreditam nele por que estudou na Caltech e tem um pênis”
Nesse trecho ela se refere a um colega que tenta roubar sua pesquisa, e os professores da faculdade acreditam nele, por ser homem e ter mais credibilidade perante à sociedade.  Essa personagem ainda traz discussões interessantes sobre gordofobia e discriminação na nossa sociedade:
“Ser ao mesmo tempo gorda e inteligente, e também mulher, é algo desencorajado em nossa cultura.”
Esse livro me fez refletir muito sobre o fato de nós, seres humanos, não estarmos nunca satisfeitos com nada que ocorra em nossa vida. Fecho essa resenha com uma frase que me marcou, dita por uma personagem criança, o que evidencia a tristeza, melancolia humana, ou melhor, a insatisfação que somos levados a ter quando nos tornamos adultos:
“Todos os adultos são tristes.”


Será mesmo?

domingo, 11 de junho de 2017

O amor nos tempos do cólera


Livro: O amor nos Tempos do Cólera
Autor: Gabriel Garcia Marquéz
Ano da primeira publicação: 1985




Começo essa resenha com um trecho do livro que muito me chamou a atenção, logo no início da narrativa. A alusão às amêndoas vai ser trabalhada durante toda a obra, em diferentes momentos e com múltiplos significados.O amor nos Tempos de Cólera é um livro do Gabriel Garcia Marquéz, considerado uma das obras primas da literatura. Narra a história de três personagens principais: Juvenal Urbino, Fermina Daza e Florentizo Ariza. O livro não segue uma ordem cronológica, mesclando histórias do passado com histórias que estão ocorrendo no presente. É uma poesia em forma de prosa.

Florentino Ariza era um funcionário do telégrafo que, indo entregar certo dia uma carta na casa do pai de Fermina Darza, Lorenzo Daza, se apaixona perdidamente pela mocinha que costurava e ensinava uma adulta a costurar com ar de professora. Desse momento em diante os dois passam a se corresponder com cartas. O pai descobre o namorico e proíbe sua filha de ver Florentino Ariza, mandando Fermina para uma “viagem de esquecimento”. Quando Fermina retorna à casa, se dá conta da ilusão amorosa que vivenciou com Florentino e rompe com ele. Nesse tempo, o pai de Fermina insiste para que ela se case com um médico respeitável da cidade, doutor Juvenal Urbino. Percebe-se que Fermina não morre de amores pelo doutor, mas se casa, levada pela vontade do pai e desiludida do amor depois do namorico com Florentino.

Fermina vive uma vida plena e feliz ao lado do marido que aprendeu a amar e conviver. Florentino, pelo contrário, vive amores carnais, envolvendo somente o corpo e nunca a alma, sempre à espera do dia que Florentina iria viver com ele. Se mantém “virgem” para ela, não no sentido físico, mas no sentido de nunca ter amado alguém para se conservar para ela. Logo depois, vemos os tempos atuais da vida desses personagens. O livro se passa nesses três tempos cronológicos: passado muito distante, da juventude dos personagens; vida adulta e velhice.

Não descreverei mais a história para não acabar com as surpresas do caminho, mas além do livro descrever um amor infantil da juventude, nos mostra como se dá o amor na velhice, por muitos considerado “indecente”, um amor dos tempos de cólera, no meu entendimento, não apenas o amor vivido por Fermina e Doutor Juvenal nos tempos da cólera (doença), como também o amor da velhice, vivido nos tempos da cólera, da irritação, como podemos observar no trecho abaixo:

“Pois tinham vividos juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava mais perto da morte”

Um livro que possui descrições bem detalhadas. Por vezes, achei que começaria a sentir o cheiro das amêndoas amargas ou a brisa do rio no rosto. Personagens muito bem construídos. Não é um livro com muitos diálogos, por isso algumas pessoas podem estranhar no começo, mas deixem-se levar pela narrativa. Não possui grandes acontecimentos, apenas narra a história de três pessoas, suas vidas, seus desgostos, suas limitações. Nos faz refletir sobre a vida, sobre a morte, sobre o conceito de amor, sobre tudo e sobre nada. Para quem quiser ler uma poesia em forma de prosa e se deliciar com cada detalhe da leitura, recomendo fortemente. Encerro a resenha com essa frase, que vem quase no final do livro, que me fez pensar novamente no significado da vida:


“É a vida, mais que a morte, a que não tem limites”

2001- Uma odisseia no espaço

                                                               Resenha   Livro: 2001- Uma odisseia no espaço   Autor: Arthur ...