Livro: 30 e poucos anos e uma máquina do tempo
Autora: Mo Daviau
Ano de publicação: 2017
O livro conta a história de Karl Bender, um ex
guitarrista que possuía uma banda chamada Axis quando era mais jovem e no
momento presente do livro é dono de um bar, o Ditactor´s Club. Karl é uma
pessoa solitária, de poucos amigos, dedicando sua vida à gerenciar seu bar. Até
que conhece Wayne DeMint, um cientista da computação que se torna seu melhor
amigo.
Os dois descobrem que Karl possui um buraco de minhoca
dentro do seu armário, que passa a ser controlado por um sistema instalado no
computador do Karl e começam a ganhar
dinheiro com essa anomalia espaço-temporal, de uma maneira inusitada: passam a
enviar pessoas para assistir shows no passado.
Tudo vai bem, até que Wayne decide voltar até o ano de
1980 para tentar impedir o assassinato de John Lennon, contrariando a regra de
não interferir no passado. Só que ocorre um erro: na hora de digitar o ano de
1980 no computador, Karl acidentalmente envia seu amigo para o ano de 980. Para
consertar isso, Karl busca ajuda de uma astrofísica, que é a personagem , na
minha visão, mais interessante da história: Lena Geduldig.
A partir desse encontro, passado, presente e futuro se
mesclam nessa história, que me fez lembrar muito o filme De volta para o
Futuro, tendo até mesmo cenas do livro que fazem referência direta ao filme. Em
meio à todas essas viagens no tempo, regadas com uma ótima trilha sonora
musical, que perpassa pela maior parte das décadas do século XX, surgem
discussões maravilhosas sobre o sentido da vida, nossa insatisfação com o
presente, nossa ânsia, enquanto ser humano em descobrir o futuro e mudar o
passado.
Em meio à tudo isso, a personagem da Lena traz
discussões muito importantes e pertinentes sobre ciência, machismo, estupro, abuso
físico e emocional e discriminação da mulher na ciência, conforme podemos
observar no trecho abaixo:
“Eles acreditam nele por que estudou na Caltech e tem
um pênis”
Nesse trecho ela se refere a um colega que tenta
roubar sua pesquisa, e os professores da faculdade acreditam nele, por ser
homem e ter mais credibilidade perante à sociedade. Essa personagem ainda traz discussões
interessantes sobre gordofobia e discriminação na nossa sociedade:
“Ser ao mesmo tempo gorda e inteligente, e também
mulher, é algo desencorajado em nossa cultura.”
Esse livro me fez refletir muito sobre o fato de nós,
seres humanos, não estarmos nunca satisfeitos com nada que ocorra em nossa
vida. Fecho essa resenha com uma frase que me marcou, dita por uma personagem
criança, o que evidencia a tristeza, melancolia humana, ou melhor, a
insatisfação que somos levados a ter quando nos tornamos adultos:
“Todos os adultos são tristes.”
Será mesmo?