terça-feira, 23 de maio de 2017

Orgulho e preconceito

Resenha
Livro: Orgulho e preconceito



Ano da primeira publicação: 1813

Autora: Jane Austen

Elizabeth Bennet é a personagem principal dessa obra prima que teve origem há mais de duzentos anos atrás. Uma trama bem antiga, mas que ainda consegue cativar muitas pessoas ao redor do mundo, por fazer críticas à sociedade daquele tempo que podem facilmente serem transferidas e constituir um diálogo com nossa sociedade atual. A história se passa na Inglaterra do século XIX em uma cidade não muito longe de Londres.
Elizabeth faz parte de uma família grande, composta pelos pais e suas quatro irmãs: Jane, Kitty, Lydia e Mary. Lizzy, como é conhecida carinhosamente Elizabeth, tem um relacionamento fraterno profundo com sua irmã Jane, uma moça doce, que enxerga somente o bem em todas as pessoas. Naquela época, as propriedades só poderiam ser deixadas para herdeiros do sexo masculino, o que reflete o machismo existente naquele período. Por conta desse fato, nenhuma das irmãs da família herdariam a propriedade do seu pai, ficando essa com Mr Collins, um primo distante e por essa razão, a mãe das meninas, Mrs Bennet, não cansa de procurar um marido para suas filhas, para que elas não fiquem desamparadas em razão da morte de seu esposo.
 A sociedade da época possuía o costume de casamentos arranjados visando obter vantagens com a união dos noivos. Isso fica muito evidente na maneira como Mrs. Bennet se porta na sociedade, tentando a qualquer custo conseguir maridos para suas filhas. Lizzy desde o começo se coloca firme no propósito de se casar apenas por amor, um pensamento revolucionário para o tempo retratado na trama. Elizabeth pode ser considerada uma protofeminista, bem à frente de seu tempo, pois não se calava diante da sociedade, sempre dando opiniões fortes a respeito de tudo, numa época em que as mulheres eram vistas apenas como objetos adornados de seus maridos.
Em meio à toda essa trama, chega na cidade um homem distinto chamado Mr Bingley, admirado por todos, primeiramente pelo fato de possuir uma soma considerável de dinheiro e logo depois por seu caráter agradável. Junto com ele, chega seu amigo Mr Darcy, um homem que também possui dinheiro, mas não possui uma personalidade agradável, sendo considerado por muitos, orgulhoso, fazendo a relação com o título do livro. Mr Darcy realmente faz jus à sua fama no começo, de homem orgulhoso e preconceituoso com pessoas que possuíam, em suas palavras, posição inferior na sociedade. Podemos observar uma crítica a esse aspecto em particular da sociedade daquela época. As pessoas eram julgadas por suas relações, à família a que pertenciam, não importando seu caráter. Podemos fazer uma associação com os dias de hoje, aqui mesmo no Brasil. Pessoas famosas, filhos de ricos não são julgados da mesma maneira que pessoas que não tem posses, pertencem às classes sociais mais baixas.
Mr Darcy logo se apaixona pelo jeito de Lizzy se portar no mundo, mais por preconceito prefere não revelar seus sentimentos. Minha impressão de Mr Darcy é de um homem realmente orgulhoso no começo e com muito preconceito, mas que, pela força do sentimento que possui por Lizzy, acaba mudando sua maneira de enxergar a sociedade. Logo depois, a interação que acaba existindo nos dois como um casal é maravilhosa.
Jane também age com orgulho e preconceito, em relação não só a Mr Darcy, mas à todas as outras pessoas. Ela é uma moça muito inteligente e com ideias maravilhosas, mas faz julgamentos muito precipitados em relação a todos, se arrependendo depois, pois acaba percebendo como julgou precipitadamente. Ao longo do livro, vemos a construção do amor dos dois, apesar de todos os inconvenientes que aquele relacionamento poderia causar para Mr Darcy, pois Jane faz parte de uma família sem grandes posses e com relações consideradas inferiores para a época. Diálogos muito bem construídos entre os dois personagens e muito profundos marcam a interação dos dois ao longo de toda a trama.

O que mais gosto no livro é o fato dele não possuir uma visão maniqueísta de mundo. O mundo não é tão simples que possa ser dividido em bem e mal exclusivamente. Todos os personagens do livro possuem características que possam ser consideradas boas e ruins. É muito realista nesse ponto, pois ninguém é bom ou mal cem por cento do tempo. Um clássico, que atravessa gerações, com uma crítica social – phoda - muito bem construída, com um toque de humor ácido, linguagem leve e personagens profundos. Essa mistura torna Orgulho e Preconceito uma obra atemporal e que deveria ser lida pelo maior número de pessoas possível.

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