domingo, 11 de junho de 2017

O amor nos tempos do cólera


Livro: O amor nos Tempos do Cólera
Autor: Gabriel Garcia Marquéz
Ano da primeira publicação: 1985




Começo essa resenha com um trecho do livro que muito me chamou a atenção, logo no início da narrativa. A alusão às amêndoas vai ser trabalhada durante toda a obra, em diferentes momentos e com múltiplos significados.O amor nos Tempos de Cólera é um livro do Gabriel Garcia Marquéz, considerado uma das obras primas da literatura. Narra a história de três personagens principais: Juvenal Urbino, Fermina Daza e Florentizo Ariza. O livro não segue uma ordem cronológica, mesclando histórias do passado com histórias que estão ocorrendo no presente. É uma poesia em forma de prosa.

Florentino Ariza era um funcionário do telégrafo que, indo entregar certo dia uma carta na casa do pai de Fermina Darza, Lorenzo Daza, se apaixona perdidamente pela mocinha que costurava e ensinava uma adulta a costurar com ar de professora. Desse momento em diante os dois passam a se corresponder com cartas. O pai descobre o namorico e proíbe sua filha de ver Florentino Ariza, mandando Fermina para uma “viagem de esquecimento”. Quando Fermina retorna à casa, se dá conta da ilusão amorosa que vivenciou com Florentino e rompe com ele. Nesse tempo, o pai de Fermina insiste para que ela se case com um médico respeitável da cidade, doutor Juvenal Urbino. Percebe-se que Fermina não morre de amores pelo doutor, mas se casa, levada pela vontade do pai e desiludida do amor depois do namorico com Florentino.

Fermina vive uma vida plena e feliz ao lado do marido que aprendeu a amar e conviver. Florentino, pelo contrário, vive amores carnais, envolvendo somente o corpo e nunca a alma, sempre à espera do dia que Florentina iria viver com ele. Se mantém “virgem” para ela, não no sentido físico, mas no sentido de nunca ter amado alguém para se conservar para ela. Logo depois, vemos os tempos atuais da vida desses personagens. O livro se passa nesses três tempos cronológicos: passado muito distante, da juventude dos personagens; vida adulta e velhice.

Não descreverei mais a história para não acabar com as surpresas do caminho, mas além do livro descrever um amor infantil da juventude, nos mostra como se dá o amor na velhice, por muitos considerado “indecente”, um amor dos tempos de cólera, no meu entendimento, não apenas o amor vivido por Fermina e Doutor Juvenal nos tempos da cólera (doença), como também o amor da velhice, vivido nos tempos da cólera, da irritação, como podemos observar no trecho abaixo:

“Pois tinham vividos juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava mais perto da morte”

Um livro que possui descrições bem detalhadas. Por vezes, achei que começaria a sentir o cheiro das amêndoas amargas ou a brisa do rio no rosto. Personagens muito bem construídos. Não é um livro com muitos diálogos, por isso algumas pessoas podem estranhar no começo, mas deixem-se levar pela narrativa. Não possui grandes acontecimentos, apenas narra a história de três pessoas, suas vidas, seus desgostos, suas limitações. Nos faz refletir sobre a vida, sobre a morte, sobre o conceito de amor, sobre tudo e sobre nada. Para quem quiser ler uma poesia em forma de prosa e se deliciar com cada detalhe da leitura, recomendo fortemente. Encerro a resenha com essa frase, que vem quase no final do livro, que me fez pensar novamente no significado da vida:


“É a vida, mais que a morte, a que não tem limites”

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