Resenha
Livro: De Moto pela América do Sul: Diário de
Motocicleta
Autor: Ernesto Guevara de la Serna
De
Moto pela América do Sul é um compilado de relatos organizados e reescritos
pelo próprio Che Guevara, onde ele narra os acontecimentos de uma viagem que
ele fez através da América Latina, acompanhado de seu amigo Alberto Granado, à
bordo da moto La Poderosa II. O objetivo
da viagem era sair da Argentina, passar por vários países da América Latina,
até chegar à Venezuela.
Não
leio muitos livros não ficcionais, pois prefiro literatura ficcional, apesar do
fato de estar tentando mudar um pouco esse hábito. Porém, essa obra é narrada
com tanta maestria por Che Guevara, com tanto lirismo, que fica difícil
acreditar que todos os acontecimentos relatados foram vivenciados pelos dois.
Che era muito jovem quando fez essa viagem, tinha apenas 23 anos. Abandonou a
faculdade de medicina (que depois retornou), sua namorada , família e o
conforto do lar para embarcar numa aventura de auto conhecimento, fatos que
culminaram para formar o grande revolucionário que foi.
Sou
suspeita para falar de um livro que aborde viagens através da América Latina,
pois tenho o sonho de conhecer todos os países que fazem parte dela e sou
suspeita para falar de Guevara. Mas esse livro é capaz de encantar a muita
gente. Recheado de momentos sensacionais, noz faz ter múltiplas emoções e sentir
que fomos um terceiro passageiro à bordo de La Poderosa II.
A
narração da epopeia dos dois alcança seu máximo nível de comoção, quando
acompanhamos além da descrição dos fatos, reflexões do autor sobre o que está
sendo narrado. Quando o autor fala por exemplo da pobreza extrema em diversos
países da América Latina, e que ele e seu amigo vivenciaram durante a viagem,
tendo que pedir comida, abrigo; ao mesmo tempo em que é feita uma reflexão
sobre a exploração que os Estados Unidos realiza sobre toda a América Latina.
Outro momento emocionante é quando Che e Alberto visitam o leprosário, local
naquela época que era vista com muito preconceito e os leprosos tratados como
não humanos, e lidam com os acometidos pela lepra de maneira singela e
humanitária.
Acompanhamos
o crescimento e mudança de Che ao longo do livro e as mudanças que essa viagem
provocou em seu interior, visto que como ele mesmo fala no começo do livro, ele
não é mais o mesmo de que quando começou a aventura. Podemos sentir a formação e posterior consolidação do espírito revolucionário de
Ernesto. Recomendo a leitura para quem
queira se emocionar, se aventurar e aprender sobre a cultura da América Latina.
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