segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

De moto pela América do Sul: Diário de Motocicleta

Resenha
Livro: De Moto pela América do Sul: Diário de Motocicleta
Autor: Ernesto Guevara de la Serna

De Moto pela América do Sul é um compilado de relatos organizados e reescritos pelo próprio Che Guevara, onde ele narra os acontecimentos de uma viagem que ele fez através da América Latina, acompanhado de seu amigo Alberto Granado, à bordo da moto La Poderosa II.  O objetivo da viagem era sair da Argentina, passar por vários países da América Latina, até chegar à Venezuela.

Não leio muitos livros não ficcionais, pois prefiro literatura ficcional, apesar do fato de estar tentando mudar um pouco esse hábito. Porém, essa obra é narrada com tanta maestria por Che Guevara, com tanto lirismo, que fica difícil acreditar que todos os acontecimentos relatados foram vivenciados pelos dois. Che era muito jovem quando fez essa viagem, tinha apenas 23 anos. Abandonou a faculdade de medicina (que depois retornou), sua namorada , família e o conforto do lar para embarcar numa aventura de auto conhecimento, fatos que culminaram para formar o grande revolucionário que foi.

Sou suspeita para falar de um livro que aborde viagens através da América Latina, pois tenho o sonho de conhecer todos os países que fazem parte dela e sou suspeita para falar de Guevara. Mas esse livro é capaz de encantar a muita gente. Recheado de momentos sensacionais, noz faz ter múltiplas emoções e sentir que fomos um terceiro passageiro à bordo de La Poderosa II.

A narração da epopeia dos dois alcança seu máximo nível de comoção, quando acompanhamos além da descrição dos fatos, reflexões do autor sobre o que está sendo narrado. Quando o autor fala por exemplo da pobreza extrema em diversos países da América Latina, e que ele e seu amigo vivenciaram durante a viagem, tendo que pedir comida, abrigo; ao mesmo tempo em que é feita uma reflexão sobre a exploração que os Estados Unidos realiza sobre toda a América Latina. Outro momento emocionante é quando Che e Alberto visitam o leprosário, local naquela época que era vista com muito preconceito e os leprosos tratados como não humanos, e lidam com os acometidos pela lepra de maneira singela e humanitária.


Acompanhamos o crescimento e mudança de Che ao longo do livro e as mudanças que essa viagem provocou em seu interior, visto que como ele mesmo fala no começo do livro, ele não é mais o mesmo de que quando começou a aventura. Podemos sentir a  formação e posterior  consolidação do espírito revolucionário de Ernesto.  Recomendo a leitura para quem queira se emocionar, se aventurar e aprender sobre a cultura da América Latina.

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