domingo, 24 de dezembro de 2017

O Caçador de Pipas

Resenha
Livro: O Caçador de Pipas

Autor: Khaled  Hosseini


O livro conta a história de dois meninos afegãos: Hassan e Amir. A narrativa começa no tempo presente, no momento em que Amir recebe uma ligação de um antigo amigo da família, que diz a ele a seguinte frase pelo telefone: Há uma chance de ser bom novamente. A partir disso, somos levados a mergulhar no mundo de Amir, que começa a narrar sua infância em Cabul, na década de 70 até os dias atuais (começo dos anos 2000).

Amir era um menino rico, filho de um homem poderoso em Cabul. Hassan era um empregado da família de Amir, um hazara, etnia que no Afeganistão do momento somente poderia ocupar papeis de servidão na sociedade. Acompanhamos muito marcadamente a divisão de classes na sociedade afegã da época: o menino rico, que possuía vários bens materiais, ia a escola; o menino pobre, que ficava em casa ajudando o pai, Ali, que também era serviçal da família de Amir, não sabia ler nem escrever. Apesar das diferenças, os dois meninos cresceram juntos, brincavam, saiam, Amir lia para Hassan e diante desses fatos vamos observando e conhecendo, com riqueza de detalhes, a vida dos dois.

No Afeganistão daquela época, era comum ocorrer campeonatos de pipa. Os meninos ficavam soltando pipas, no inverno, e ganhava quem conseguia ficar no céu durante mais tempo com sua pipa intacta. Além disso, quando as pipas caíam no chão, existiam os caçadores, que eram meninos que corriam atrás delas. No inverno de 1975, a vida de Amir e Hassan sofre profundas mudanças. Durante o campeonato de pipas, Hassan desaparece. Amir o encontra em uma situação horrível e violenta, e não o defende, fato que o leva a sentir culpa pelo resto da vida.

Além de acompanharmos a história dos meninos, podemos conhecer melhor hábitos da cultura da sociedade afegã durante os anos. Achei muito interessante e comovente, a descrição dos horrores do início da guerra, quando a URSS invade o país e posteriormente a paz, a um custo alto, obtida com a chegada do Talibã. Os momentos em que havia descrição de situações envolvendo esses eventos era ricamente detalhados, e me emocionaram, me fazendo pensar em como não lemos livros literários que retratam essa realidade, pela ótica do povo que sofreu com esses eventos.

A escrita do autor é fluida e compreensível, não deixando de ser literária, denotativa, porém acessível a todos os públicos. Em alguns momentos o autor insere expressões típicas da cultura e idioma afegãos, traduzindo os termos em seguida, na maior parte das vezes. Passei a conhecer mais a cultura desse povo, que é tão rica e pouco falada.

É um livro emocionante, que possui plot twist, ou seja, viradas extraordinárias, que são realmente surpreendentes, e que não são nem um pouco piegas. Para ser lido e refletido!



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