sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Dias perfeitos

Resenha
Livro: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes

Téo é um estudante de medicina, que não gosta de se relacionar com ninguém. Possui uma única amiga, Gertrudes, um cadáver da aula de anatomia da faculdade. Vive com sua mãe e o cachorro de sua mãe, Sansão. Téo não é apegado a nenhuma pessoa na sua vida, incluindo sua mãe, a quem se refere constantemente como peso morto, pelo fato de ser cadeirante. Até conhecer Clarice num churrasco em que foi obrigado a ir por sua mãe. Clarice é uma estudante de história da arte e roteirista de cinema amadora. A partir desse momento, Téo vive um sentimento obsessivo por ela. Faz de tudo para terem um relacionamento que não existe, inclusive sequestrando-a e a mantendo em cárcere privado.
Téo é um psicopata. Podemos perceber já no começo quando o autor coloca em evidência que a única amiga dele é um cadáver, nos apresentando o tipo de pessoa com quem ele gosta de se relacionar - uma que não contrarie suas regras -. É um homem, além de desequilibrado mentalmente, extremamente machista, antiquado e conservador. Já Clarice é o oposto dele. É uma mulher bissexual, a favor dos direitos LGBTS, de esquerda, feminista. Um espírito livre que o Téo fez questão de aprisionar, com o objetivo de moldar a personalidade a seu bel prazer.
O autor consegue construir uma narrativa extremamente contundente. Em determinados momentos, admito, preferi pular pelo peso dramático da narrativa. A história é pesada e a construção da personalidade do personagem principal é extremamente eficiente, já que imaginamos mesmo ele como um psicopata, frio e calculista, capaz de fazer qualquer coisa para obter o seu desejo.
Como mulher, me coloquei no lugar da Clarice o tempo inteiro e a sensação foi de coração apertado e frio na barriga (de medo). Nesse quesito o livro cumpre seu objetivo de nos transpor de maneira profunda para a narrativa.
Confesso que fiquei um pouco chateada com o final, pois esperava um completamente diferente. Mas isso não tira o mérito da obra e acredito que o final foi positivo no sentido de nos aproximar com a realidade.
Raphael Montes é um escritor extremamente novo, tem apenas 24 anos. Esse é seu segundo livro que ele classifica como romance policial. No meu ponto de vista, a investigação policial que ocorre é quase inexistente. Para mim esse livro é sobre obsessão, sobre controle do corpo e da mente de mulheres, sobre um psicopata executando seus atos. Vale a pena a leitura!



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