Resenha
Livro: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
Téo é um estudante de
medicina, que não gosta de se relacionar com ninguém. Possui uma única amiga,
Gertrudes, um cadáver da aula de anatomia da faculdade. Vive com sua mãe e o
cachorro de sua mãe, Sansão. Téo não é apegado a nenhuma pessoa na sua vida,
incluindo sua mãe, a quem se refere constantemente como peso morto, pelo fato
de ser cadeirante. Até conhecer Clarice num churrasco em que foi obrigado a ir por
sua mãe. Clarice é uma estudante de história da arte e roteirista de cinema
amadora. A partir desse momento, Téo vive um sentimento obsessivo por ela. Faz de
tudo para terem um relacionamento que não existe, inclusive sequestrando-a e a
mantendo em cárcere privado.
Téo é um psicopata. Podemos
perceber já no começo quando o autor coloca em evidência que a única amiga dele
é um cadáver, nos apresentando o tipo de pessoa com quem ele gosta de se
relacionar - uma que não contrarie suas regras -. É um homem, além de
desequilibrado mentalmente, extremamente machista, antiquado e conservador. Já Clarice
é o oposto dele. É uma mulher bissexual, a favor dos direitos LGBTS, de
esquerda, feminista. Um espírito livre que o Téo fez questão de aprisionar, com
o objetivo de moldar a personalidade a seu bel prazer.
O autor consegue
construir uma narrativa extremamente contundente. Em determinados momentos,
admito, preferi pular pelo peso dramático da narrativa. A história é pesada e a
construção da personalidade do personagem principal é extremamente eficiente,
já que imaginamos mesmo ele como um psicopata, frio e calculista, capaz de
fazer qualquer coisa para obter o seu desejo.
Como mulher, me coloquei
no lugar da Clarice o tempo inteiro e a sensação foi de coração apertado e frio
na barriga (de medo). Nesse quesito o livro cumpre seu objetivo de nos transpor
de maneira profunda para a narrativa.
Confesso que fiquei um
pouco chateada com o final, pois esperava um completamente diferente. Mas isso
não tira o mérito da obra e acredito que o final foi positivo no sentido de nos
aproximar com a realidade.
Raphael Montes é um
escritor extremamente novo, tem apenas 24 anos. Esse é seu segundo livro que
ele classifica como romance policial. No meu ponto de vista, a investigação
policial que ocorre é quase inexistente. Para mim esse livro é sobre obsessão,
sobre controle do corpo e da mente de mulheres, sobre um psicopata executando
seus atos. Vale a pena a leitura!
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