Resenha
Livro: Contato
Autor: Carl Sagan
Ano de lançamento: 1985
Carl
Sagan foi um cientista, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e
divulgador científico americano. Durante sua vida, promoveu a busca por vida
extraterrestre através do projeto SETI. Foi professor na Universidade Cornell,
obtendo seu doutorado em 1960 pela Universidade de Chicago.
O
livro Contato pertence ao gênero ficção científica. Sua protagonista, Ellie
Arroway, é uma cientista astrônoma, que estuda a vida extraterrestre. Antes de
conhecermos a Ellie pesquisadora, tomamos conhecimento de sua trajetória
percorrida até o momento atual: ela sempre foi uma criança curiosa e
inteligente. Seu pai sempre a incentivou a estudar Ciências, mas morre quando
ela era ainda pequena, ficando sua educação à cargo de sua mãe e seu padrasto,
um homem machista que acredita que mulheres não deveriam se dedicar à ciência.
A Ellie criança adorava estudar e questionar seus professores, que não viam com
bons olhos uma menina gostar de estudar ciências, matéria em que se encaixavam
somente os meninos.
Apesar
de todas as dificuldades da época, em relação ao fato de uma mulher se envolver
nas ciências, Ellie consegue estudar e se torna uma pesquisadora referência em
sua área. Podemos sentir na pele o machismo que a protagonista sofre em sua
área de atuação, visto que, se ainda hoje, mulheres cientistas são vistas com
maus olhos, naquela época, as mulheres tinham mais dificuldade ainda em
conseguir ser bem sucedidas em suas profissões. Ela nos relata todas as situações
constrangedoras pelas quais passa apenas pelo fato de ser mulher. Em nossa
sociedade, meninas são levadas à cursar áreas não científicas. Eu, como
professora de ciências e Biologia, faço questão que minhas alunas saibam que
são perfeitamente capazes de estudar as ciências que quiserem. Nesse sentido, é
importante essa representatividade presente em sua obra.
Já
adulta, Ellie trabalha no projeto Argus, uma estação montada com o objetivo de
fazer contato com vida inteligente fora da terra, se existisse alguma do tipo.
Em mais um dia monótono de trabalho, a protagonista identifica uma mensagem
enviada por seres que vivem em Vega, um planeta que fica a 26 anos luz da
terra. O livro se passa na época da guerra fria, e no começo podemos perceber
as disputas que ocorriam entre a União Soviética e os Estados Unidos. É nesse
clima de tensão que a trama se desenvolve A partir desse momento, cientistas de
todo o mundo se empenham para decifrar a mensagem. Nesse momento, podemos
perceber uma tentativa de cooperação entre todos os países do mundo, nos
fazendo refletir sobre o sentido da humanidade, e do não sentido de fronteiras
na Terra, afinal somos todos habitantes desse mesmo planeta.
A
mensagem é decifrada: os seres inteligentes propõem a criação de uma máquina,
sem mencionar os objetivos e destino dessa máquina, que é uma nave com cinco
lugares. São escolhidos indivíduos de vários países, para haver uma grande
representatividade.
No
livro, são feitas reflexões riquíssimas sobre o fazer científico, a vida do
cientista, que serve para quebrar a ideia do cientista não humano. A ciência
positivista transmite ao povo leigo a sensação de que a ciência é neutra e o
cientista um robô, que apenas executa o método cientifico. No livro, percebe-se
que existem motivações externas para o fazer científico, o contexto sócio
histórico, a cultura, religião, vão influenciar no curso da ciência.
São
executados maravilhosos debates sobre ciência e religião. Um cientista pode
agir como um religioso e um religioso possuir o ceticismo científico? Isso pode
sim ocorrer, pois as personagens desse livro não são unilaterais, possuem
várias camadas.
É
importante destacar que a presidente dos Estados Unidos do livro também é uma
mulher, além da protagonista feminina. Ideal para incentivar nossas meninas a
se apaixonarem pela ciência.
Sou
suspeita para falar de um livro que aborda ciência, pois cursei Ciências
Biológicas, sou professora de Ciências, então para mim, ler esse livro foi
apaixonante. Além das discussões levantadas, as descrições são feitas de
maneira bem detalhada e cinematográfica, levando-nos a imaginar todas as cenas
descritas no enredo.
Um
livro para ser lido, discutido, ainda mais na época que estamos vivendo, de
ódio à ciência. Não é maniqueísta e o final te deixa com muito mais dúvidas do
que respostas, perfeito para quem entende que a ciência é movida pelas
perguntas. Vale a pena a leitura das mais de 400 páginas.
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