domingo, 8 de abril de 2018

A morte feliz


Resenha
Livro:  A morte feliz
Autor: Albert Camus

Por que vivemos e por que morremos? Segundo Albert Camus, só teme a morte aquele que teme a vida, pois a primeira é prerrogativa da última.  Autor franco-argelino, filósofo do absurdo, recebeu o prêmio Nobel em Dezembro de 1957. Sua mãe lavava roupas para fora e seu pai foi morto na Primeira Guerra Mundial, quando ele tinha apenas um ano. Seus familiares, por necessidade, preferiam que Camus trabalhasse como tanoeiro, mesma profissão de seu tio, mas estimulado e patrocinado por professores, prossegui seus estudos. De acordo com Camus, o absurdo está no paradoxo da existência humana: apesar do homem ser frágil, recusa-se a se deixar levar por uma vida vazia de sentido.

Em A morte Feliz acompanhamos a história de Mersault, um operário pobre, que acaba encontrando uma maneira de ganhar dinheiro: matando um ex amante de sua namorada. O homem , que é morto por Mersault logo na primeira parte do livro, não possuía pernas e tinha um intenso desejo de se matar, faltando-lhe coragem para realizar esse ato.

Para Mersault, um ponto necessário para a felicidade é o tempo. Enquanto passamos cerca de oito horas por dia presos em trabalhos que não gostamos, que sugam nossas energias, não teremos tempo para sermos felizes e viver a vida. Viver , e não apenas sobreviver, exige contemplação, reflexão. Quem é pobre, necessitado de bens materiais para sobreviver em nossa sociedade capitalista, não tem tempo de pensar e, portanto, de ser feliz.

A trama do romance é bem simples e pouco desenvolvida. Porém, acredito que o objetivo principal do autor foi cumprido: levar o leitor a refletir. A meu ver, a finalidade da obra é nos levar a pensar na vida e em sua finitude. O que dá sentido a vida é exatamente a consciência que possuímos de que um dia ela se esvai. A partir do momento que encaramos esse fato, estamos livres para viver todos os estágios da existência humana.

Livros que nos levam a pensar devem ser saboreados nos dias atuais, época de profundas transformações na sociedade humana, com informações vinte e quatro horas por dia. É necessário que façamos o exercício de refletir acerca da nossa existência. Como disse Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo, a leitura é uma atividade solitária, que nos leva a meditar. Eu vou além e acredito que, apesar de em primeira instância a leitura ser realmente uma atividade individual, as ponderações que esse ato nos traz e os debates devem ser compartilhados com nossos pares, a fim de que possamos enxergar novos horizontes e desvelar sentidos outros.


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