domingo, 4 de março de 2018

Macunaíma


Resenha
Livro: Macunaíma
Autor: Mário de Andrade
Ano de lançamento: 1928

Macunaíma nasceu já mostrando sua principal característica: preguiça. Nascido  às margens do mítico rio Uraricoera, na floresta amazônica. Era da tribo dos Tapanhumas. Se transforma em homem adulto quando toma banho de mandioca brava. Quando adulto, se apaixona por Ci, Mãe do Mato e tem um filho com ela, que morre ainda bebê.

A mãe do mato, cheia de tristeza após a perda do seu filho, sobe aos céus, se tornando uma estrela. A única lembrança que Macunaíma possui de sua amada é um amuleto, chamado de muiraquitã. O nosso herói sem caráter perde o amuleto e descobre que está em posse de Venceslau Pietro Pietra, o Piamã, gigante que come gente. Com a finalidade de recuperar seu amuleto perdido, Macunaíma parte com seus irmãos, Jiguê e Maanape para São Paulo.

Mário de Andrade foi um importante autor que participou do movimento modernista na literatura, sendo um dos destaques da Semana de Arte Moderna que ocorreu em 1922. Nessa obra, utiliza a oralidade , traços de expressão da língua falada, só que escrita. Mário debocha em vários passagens do livro da norma culta da língua.

Em um dos posfácios presentes no livro, o autor nos conta que escreveu esse livro durante um período de férias de 15 dias e que inicialmente, não tinha muitas pretensões acerca do sucesso dele. Essa obra se tornou um clássico da literatura brasileira, pois é uma metáfora importante sobre a formação do povo brasileiro, um povo que sofreu diversas influências de várias nacionalidades em sua formação. Macunaíma represente nossa gente, nosso povo e como ele foi massacrado pelo gigante Piamã, que representa simbolicamente o povo europeu. O enredo possui ainda metáforas para falar da igreja e dos países do oriente, o capitulo que fala da Vei Sol.

A obra traz explicações para a realidade baseadas em mitos. É explicada a origem do bicho do café, dos dias e noites, das formigas, entre outros. O autor traz uma característica do povo indígena, que explica a realidade baseada em fenômenos da natureza e mitologia, tão presente em nossa formação como brasileiros, que ignoramos. O autor mistura fantasia com realidade, numa ordem não cronológica, que no começo, me fez ficar um pouco perdida, pois não tenho muito costume com esse tipo de narrativa, mas que ao longo do romance, faz total sentido.  Li a obra num ritmo lento, acredito que pelo fato já mencionado anteriormente de não estar tão habituada a este tipo de narrativa, rapsódia que mistura tempos e espações de maneira tão intrínseca e original.

Finalizando, uma obra necessária, divertida e reflexiva. Um clássico da nossa literatura, que recomendo fortemente a leitura.

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