domingo, 11 de março de 2018

A Incendiária


Resenha
Livro: A Incendiária
Autor: Stephen King
Ano de lançamento: 1980

A Incendiária, de Stephen King, possui um enredo simples e de fácil envolvimento: universitários sem grana aceitam participar, para receber a quantia de 200 dólares, de um experimento na faculdade em que estudam; Um dos estudantes se chama Andy e uma das estudantes tem o nome de Vicky. O experimento foi de uma droga alucinógena chamada Lote 6, e não foram fornecidos maiores dados sobre a substância em questão. Anos depois, Andy e Charlie se casam. Após a experiência, Andy adquire a capacidade de telepatia, ele consegue influenciar atitudes das pessoas, enquanto Vicky possui uma fraca capacidade telecinética. O material genético dos dois sofre modificações a partir da experiência, por isso, quando eles tem uma filha, chamada Charlie, ela acaba herdando esses genes mutados de seus pais. A menina possuía o poder da pirocinesia, que consiste em conseguir atear fogo em quem ou no que desejar.
A partir do momento que a Oficina, órgão do Governo responsável pelas experiências nos universitários, descobre a existência de Charlie, começam a perseguir a família. A história narra a fuga do pai e da filha, pois descobrimos logo no primeiro capítulo do livro que a mãe da menina e esposa de Andy, foi morte à mando dessa mesma instituição.

O livro foi lançado no primeiro ano da década de 80, portanto temos que levar em consideração o contexto histórico em que estava inserido. Na época do lançamento, o mundo estava imerso no cenário da Guerra Fria, um período histórico de disputas e conflitos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética, de ordem política, militar, econômica e sobretudo ideológica. Não houve conflito direto entre as duas potências, por isso é denominado de Fria. Estados Unidos tinha o objetivo de criar um soro da verdade para ser utilizado nos prisioneiros durante os interrogatórios, além de criar potenciais armas de destruição, para fazer frente à União Soviética. É nesse contexto que King escreve seu livro. Percebe-se nele a crítica à esses possíveis experimentos realizados, e todas as consequências oriundas deles.

Percebi também uma crítica superficial à sociedade perfeitamente “democrática” e individualista nova iorquina, e estaduninense como um todo, onde as necessidades do coletivo sempre ficam em segundo plano frente às necessidades do indivíduo. Obviamente, as necessidades individuais valorizadas seriam aquelas das pessoas pertencentes às camadas mais altas da sociedade em detrimento das dos indivíduos considerados massa, mão de obra. Podemos traçar um paralelo nesse momento e em outros pontos com o livro Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley, onde temos uma sociedade fortemente hierarquizada e influenciada por esses ideais de segregação, assim como o citado acima , do presente livro analisado.

Como sempre, o mestre King foi extremamente detalhista no desenrolar da trama: seus personagens são muito bem desenvolvidos. Parece que estamos vivendo toda a fuga de pai e filha, conseguimos sentir empatia pelos dois, desejando que tudo dê certo ao final da jornada.

O diferencial do Stephen é a maneira como ele conduz sua obra, nos fazendo acreditar estarmos vivenciando aqueles momentos narrados. No final, não são fornecidos respostas, são geradas mais perguntas, te fazendo pensar em toda a história. Gostei bastante, pois acredito que a literatura deve ter o poder de nos deixar com a pulga atrás da orelha, nos fazendo refletir sobre determinado tema, sob a ótica que não estaríamos experimentando se lêssemos apenas literatura não ficcional. Vale a pena ser lido e discutido.

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