Resenha
Livro: Paisagem de Outono
– Estações Havana
Autor: Leonardo Padura
No quarto livro da
tetralogia Estações Havana, acompanhamos mais uma investigação criminal do
detetive Mário Conde. Estações Havana é uma série literária, composta por
quatro livros, cada um deles se passando em estação diferente do ano de 1989,
ano da queda do Muro de Berlim: Passado Perfeito, que se passa no inverno;
Ventos de Quaresma, na primavera; Máscaras, no verão, e finalmente Paisagem de
Outono, que como o nome já diz, se passa no Outono.
Nesse último livro dessa
série, acompanhamos Mário Conde tentando encontrar o assassino de Míguel
Forcade, um homem que fora em vida, expropriador de bens. Ele pegava os bens
das famílias que possuíam estátuas valiosas, quadros e entregava ao governo,
não sem antes um pequeno desvio aqui e outro acolá. Por essa profissão, e por
sua personalidade sórdida, era odiado por grande parte de seus conhecidos. Um
dia, após uma viagem à URSS se exila na Espanha para depois ir viver em Miami,
casa-se com Miriam, uma jovem, bem mais nova que ele, e retorna à Cuba com a
desculpa de ver seu pai doente. Nesse ínterim, acaba sendo assassinado de
maneira brutal e seu corpo é achado no mar.
Aliado à toda essa trama,
temos um furacão chegando em Havana, que promete arrasar com a cidade, levando
tudo que encontrar pelo caminho. Além disso, temos a continuação da
investigação policial iniciada no livro anterior.
Nessa obra, recheada de
metáforas e analogias, pode-se dizer que podemos encontrar o livro mais
melancólico e nostálgico da tetralogia. Todos os volumes trazem um quê de
nostalgia, porém nesse último volume, temos essa sensação exacerbada,
combinando perfeitamente com a estação retratada: outono. No outono, temos a
sensação de que todos os fins de tarde são um pouco tristes, o vento que sopra
ao anoitecer, nos traz uma saudade do que ainda não vivemos. É esse sentimento
que a leitura desse livro me proporcionou. Saudade do que podemos ainda viver.
A metáfora do furacão é a
mais genial do livro: ele representa as mudanças que atingiram não somente
Cuba, mas o mundo todo, com a culminância da queda do muro de Berlim, que
representou o fim de uma era, o inicio do fim do socialismo na Europa. O
furacão arrasta tudo, destrói a ilha, mas não traga o que Conde e todos os
cubanos tem de mais forte: a memória. O muro de Berlim, não por acaso, teve sua
queda ocorrida em 9 de novembro de 1989, um mês após a data em que o livro
termina, que se deu em 9 de outubro de 1989, dia do aniversário de Conde e de
Padura.
Ao longo de todos os volumes
dessa série, acompanhamos o crescimento de Conde, um personagem cada mais vez
intimista, que nos revela ser um policial deslocado, que não possui e nunca
possuirá o ethos policial.
Fico imensamente feliz e
contemplada por ter conhecido um autor tão completo como o Padura,- fato este
que se deu meramente por acaso - e poder acompanhar as histórias escritas por
ele. Recomendo a leitura de todos os volumes da tetralogia, se possível, na
ordem, para que haja um acompanhamento eficiente do sentimento que Padura tenta
nos traduzir em palavras.
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