Resenha
Livro:
A Incendiária
Autor:
Stephen King
Ano
de lançamento: 1980
A
Incendiária, de Stephen King, possui um enredo simples e de fácil envolvimento:
universitários sem grana aceitam participar, para receber a quantia de 200
dólares, de um experimento na faculdade em que estudam; Um dos estudantes se
chama Andy e uma das estudantes tem o nome de Vicky. O experimento foi de uma
droga alucinógena chamada Lote 6, e não foram fornecidos maiores dados sobre a
substância em questão. Anos depois, Andy e Charlie se casam. Após a
experiência, Andy adquire a capacidade de telepatia, ele consegue influenciar
atitudes das pessoas, enquanto Vicky possui uma fraca capacidade telecinética.
O material genético dos dois sofre modificações a partir da experiência, por
isso, quando eles tem uma filha, chamada Charlie, ela acaba herdando esses genes
mutados de seus pais. A menina possuía o poder da pirocinesia, que consiste em
conseguir atear fogo em quem ou no que desejar.
A
partir do momento que a Oficina, órgão do Governo responsável pelas
experiências nos universitários, descobre a existência de Charlie, começam a
perseguir a família. A história narra a fuga do pai e da filha, pois
descobrimos logo no primeiro capítulo do livro que a mãe da menina e esposa de
Andy, foi morte à mando dessa mesma instituição.
O
livro foi lançado no primeiro ano da década de 80, portanto temos que levar em
consideração o contexto histórico em que estava inserido. Na época do
lançamento, o mundo estava imerso no cenário da Guerra Fria, um período
histórico de disputas e conflitos indiretos entre Estados Unidos e União
Soviética, de ordem política, militar, econômica e sobretudo ideológica. Não
houve conflito direto entre as duas potências, por isso é denominado de Fria.
Estados Unidos tinha o objetivo de criar um soro da verdade para ser utilizado
nos prisioneiros durante os interrogatórios, além de criar potenciais armas de
destruição, para fazer frente à União Soviética. É nesse contexto que King
escreve seu livro. Percebe-se nele a crítica à esses possíveis experimentos
realizados, e todas as consequências oriundas deles.
Percebi
também uma crítica superficial à sociedade perfeitamente “democrática” e
individualista nova iorquina, e estaduninense como um todo, onde as
necessidades do coletivo sempre ficam em segundo plano frente às necessidades
do indivíduo. Obviamente, as necessidades individuais valorizadas seriam
aquelas das pessoas pertencentes às camadas mais altas da sociedade em
detrimento das dos indivíduos considerados massa, mão de obra. Podemos traçar
um paralelo nesse momento e em outros pontos com o livro Admirável Mundo Novo,
do Aldous Huxley, onde temos uma sociedade fortemente hierarquizada e
influenciada por esses ideais de segregação, assim como o citado acima , do
presente livro analisado.
Como
sempre, o mestre King foi extremamente detalhista no desenrolar da trama: seus
personagens são muito bem desenvolvidos. Parece que estamos vivendo toda a fuga
de pai e filha, conseguimos sentir empatia pelos dois, desejando que tudo dê
certo ao final da jornada.
O
diferencial do Stephen é a maneira como ele conduz sua obra, nos fazendo
acreditar estarmos vivenciando aqueles momentos narrados. No final, não são
fornecidos respostas, são geradas mais perguntas, te fazendo pensar em toda a
história. Gostei bastante, pois acredito que a literatura deve ter o poder de
nos deixar com a pulga atrás da orelha, nos fazendo refletir sobre determinado
tema, sob a ótica que não estaríamos experimentando se lêssemos apenas
literatura não ficcional. Vale a pena ser lido e discutido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário