Resenha
Livro: Os
cadernos de Praga
Autor: Abel
Posse
Ano: 1999
Número de
páginas: 258
Editora:
Record
Sou
fascinada por romances históricos e sou suspeita para falar do protagonista
principal desse: Ernesto Guevara de La Serna, ou simplesmente Che Guevara. O
livro une ficção e realidade, resgatando os relatos de um caderno escrito por
Che durante o período de mais ou menos cinco meses que residiu em Praga,
escondendo sua identidade sob os pseudônimos de Vasquez Rojas, Adolfo Mena e
Ramón Benítez.
O autor fez
uma extensa pesquisa consultando pessoas que conheceram Che quando ele era
apenas Ernesto Guevara e outros que já o conheceram como o revolucionário em
questão. O autor pegou trechos do diário e mesclou com episódios fictícios. A
fronteira entre o real e o imaginário é muito tênue: não dá para saber onde
começa um e termina outro. Além dos relatos do caderno, há capítulos em que o
autor explica como fez para chegar em uma determinada história, entrevistas do
autor com as testemunhas que também são muito enriquecedoras.
Anteriormente,
já havia lido Diários de Motocicleta. A escrita dos cadernos é tão lírica
quanto no livro inteiramente escrito por Guevara. Com muitas metáforas, as
passagens se tornam prosa com a fluidez e leveza de uma poesia. Quando ele fala
da asma, uma doença que naquela época ainda não havia os tratamentos
disponíveis como hoje, descreve-a como Dama da Aurora. Trechos belíssimos também são
aqueles em que ele descreve a relação dele com a mãe. Podemos acompanhar também
a culpa por ter sido um marido ausente, filho ausente, pai ausente.
Sempre ausente por conta da revolução. A culpa é um sentimento que persegue
Guevara por toda a vida. Culpa e inquietação.
Se você
deseja conhecer mais sobre o Guevara humano, para além do lado político
revolucionário, recomendo a leitura desse livro. Acredito que você, assim como
eu, irá se apaixonar por esse ser humano que foi tão altruísta, gentil, honesto
e justo. Além do texto ser muito rico do ponto de vista da linguagem. Boa
leitura